segunda-feira, agosto 11

Aguanauta

.
Vê-se as cabecinhas logo ao entrar
Atentas, erguidas, branco-morenas
Quietas, austeras, giganto-pequenas
Bóias-vivas que são, sabem nadar

(Cad'alma usa da prancha que tem
a minha sou eu, de fibra de carne
lisa, alva-vermelha, semi-nua
em que a tique-taque palpita um coração)

São muitas disputas, eu não compito.
Peixes não falam, diálogo não há.
Morrer pela boca, sina do mar.
Quero mesmo é só ser, eu manuscrito.

(Bem como se dá na terra que é dura
organizar é mera tentativa
e aos poucos a beleza sucumbe
àqueles que mal ousam mergulhar)

Só não quero estar viva para ver
especular de mobília no mar

Nenhum comentário: